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Como ajudar a criança a pensar antes de agir

Com certeza você já ficou sem entender porque o seu filho falhou em uma situação que ele já conseguiu realizar ou já se perguntou porque ele comete erros bobos. A neurociência esclarece algumas questões para os pais entenderem porque as crianças apresentam problemas de comportamento.

A arquitetura cerebral é semelhante a construção de uma casa de um andar, inicia-se pelo térreo, composto por funções mais primitivas, como os instintos e as emoções, que irão garantir a sobrevivência desse bebezinho que acabou de chegar ao mundo e precisa ser integralmente assessorado. Esta região cerebral estará pronta no nascimento da criança.

O primeiro andar será construído a partir das experiências vividas, formado por funções mais complexas, as funções executivas, e elas precisam de um bom treinador para atingirem todo o seu potencial, ou seja, precisam ser ensinadas diariamente para as crianças.

As funções executivas são um conjunto de habilidades que permitem o controle e a regulação, de modo deliberado, dos comportamentos, pensamentos e emoções. Então para que as crianças tenham autocontrole e disciplina elas precisam desenvolver adequadamente as funções executivas, que compreendem 3 habilidades:

  • Controle inibitório: é a habilidade de pensar antes de agir e adiar gratificações;
  • Memória de trabalho: é a habilidade de armazenar e manipular informações necessárias para a aprendizagem;
  • Flexibilidade cognitiva: é a habilidade de conseguir perceber a realidade a partir de diferentes perspectivas e se ajustar a novas situações.

O cérebro das crianças começa a desenvolver essas funções no primeiro ano de vida e as conclui no início da vida adulta, mas existem dois momentos na vida em que elas se desenvolvem rapidamente: na pré-escola e no início da adolescência.

Isso explica porque as crianças falham sucessivamente em situações que requerem espera, concentração, planejamento e controle das emoções. Porém essa é uma informação muito importante para os pais, cuidadores e professores, porque isso esclarece que as dificuldades das crianças não significam necessariamente uma falta de educação, mas sim uma falta de habilidade para lidar com determinada situação, ou seja, elas falham em se autogerenciar.

Uma pesquisa longitudinal avaliou as funções executivas na infância e acompanhou 1000 indivíduos de 0 a 32 anos, e concluíram que existe relação entre o nível de desenvolvimento das funções executivas na infância e indicadores de qualidade de vida na fase adulta que podem predizer desfechos de saúde física e mental, prosperidade econômica e criminalidade.

A boa notícia é que existem alguns recursos que podem ser utilizados pelos pais e profissionais da educação no intuito de estimular adequadamente o desenvolvimento dessas habilidades, mas devem ocorrer ao longo da rotina e não apenas em pequenos períodos do dia.

O que pode ser feito?

  • Construa uma relação afetuosa e respeitosa com a criança, isso aumenta o sentimento de segurança;
  • Seja condescendente, a capacidade das crianças flutuam, então as vezes elas irão conseguir ser competentes e as vezes elas irão falhar, isso faz parte do desenvolvimento das funções executivas;
  • Esteja atento a atender as necessidades emocionais, as crianças falham em se autoacalmar porque ainda não desenvolveram integralmente essa habilidade, por isso ela irá precisar de auxílio, e não de punição, para lidar com a sua própria raiva, medo, tristeza e outras emoções;
  • Incentive a autonomia, como comer sozinho, vestir a sua própria roupa, secar-se depois do banho, higienizar-se após o uso do sanitário, auxiliando-o somente quando realmente precisa;
  • Procure utilizar métodos para educar que tenham ênfase na comunicação assertiva, evitando gritos, isso mais consome as mães do que efetivamente auxiliam as crianças no desenvolvimento;
  • Crie um mural com rotinas claras, isso ajuda a criança a começar a compreender a importância do planejamento e organização;
  • Assessore a criança na organização dos materiais escolares com antecedência;
  • Estimule o uso de jogos computadorizados e cognitivos, como o tangram, caça palavras, memória, achando os opostos, labirinto, jogo de sete erros, contar e recontar histórias, varetas, xadrez e faz-de-conta;
  • Incentive o seu filho a desenvolver momentos de pausa e a praticar atividades físicas, como yoga ou artes marciais;
  • Verifique com a escola como está o desenvolvimento do seu filho quanto a capacidade de controlar seus próprios impulsos, seguir regras e as habilidades sociais;
  • Fique atento ao desenvolvimento da criança, ela pode apresentar déficit no desenvolvimento das funções executivas, como dificuldade de prestar atenção e impulsividade, e ser necessário uma intervenção profissional.

Tais Bedin

Psicóloga Clínica, atua desde 2010 na clínica, Especialista em Terapia Sistêmica para Casais e Famílias, Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, com formação em Neuropsicologia e em Disciplina Positiva.

Acredita que a sua missão como psicoterapeuta, de modo colaborativo e humanizado, é auxiliar as famílias a enfrentarem os desafios do desenvolvimento infanto-juvenil, ajudar as crianças e adolescentes a superaram as adversidades e a desenvolverem habilidades para a vida.

Para isso, desenvolve em seu consultório orientações para ajudar os pais a criar vínculos mais respeitosos com seus filhos e realiza psicoterapia para crianças e adolescentes.

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